domingo, 29 de janeiro de 2017

ANDO TÃO À FLOR DA PELE

Por: Jô Martines

Quando eu passo tempo demais ligada no “piloto automático”, esqueço de me olhar no espelho, me enxergar. De me enfeitar para a vida.
E num acaso alguém acaba servindo de espelho e é cada susto que eu levo quando num lapso sou obrigada a me olhar de frente.
Sempre que isso acontece comigo, essa estranheza de me reencontrar num acaso, eu (ironicamente) procuro parar um pouco para “refletir” sobre esse assunto que me incomodou, essa porta aberta e escancarada para dentro de mim. E mergulho nesse reflexo.
Hoje aconteceu de novo. Um novo espelho me trouxe a imagem distorcida, um reflexo de alguém que não era eu. Um reflexo de uma figura débil, infantilizada, imatura.
Imediatamente, instintivamente a reação foi de rejeitar essa imagem, e dizer que aquela figura não era eu. Mas, será que não mesmo?
Eu sou moleca sim, mas também sou mulher.
Então, o que é meu e o que não é naquele reflexo?

Aproveito para perguntar para alguém que supostamente me conhece bem, dado que nem nós mesmos nos conhecemos por completo.
E ai vem a resposta óbvia. Mas o óbvio às vezes nos foge aos olhos.
E nesse resumir do que sou, de quem sou, o que ouvi foi que quando estou nervosa, sou só nervos, quando estou amando, sou só amor, e quando estou brincando sou uma moleca. E resumiu: você é emoção ao extremo!
Eu juro que entendi o que isso significava. Mas repudio a crítica velada que vem embutida. Como se ser emoção ao extremo fosse errado. Como se a minha verdadeira natureza jamais pudesse se manifestar como de fato é.

Ando tão à flor da pele, que o Zeca Baleiro acertou em cheio mesmo... qualquer beijo de novela me faz chorar.
Ando tão à flor da pele que estou sem paciência para ladainhas, para jogos, para blefes.
Também quero só o que se encaixa comigo. Também não tenho mais tempo a perder.
Não sei o que o amanhã irá me trazer, mas sei o que eu quero encontrar.