quinta-feira, 26 de julho de 2012

PRA QUE SERVEM FALSOS PUDORES?

Por: Jô Martines

Ela queria ser beijada. Queria ser desejada. Ansiava pelo gesto, pelo olhar, pela voz rouca sussurrando promessas.
Ao mesmo tempo, ela sentia que não poderia ser daquela forma. Aquela certeza pesava em sua mente.
Mas então porque aquela vontade avassaladora de pertencer a outro homem? De quebrar regras, mandar às favas as convenções, de se entregar?
Porque ficar presa a um compromisso frouxo, morno, desbotado?
Sem perceber, de porque em porque ela foi criando, foi construindo um imenso labirinto.
Até que um dia qualquer, acabou se perdendo dentro da própria criação.
Sem poder contar com o “fio de Ariadne” para voltar, permaneceu muito tempo nesse labirinto, fazendo suas conjecturas, pisando e repisando cada detalhe de tudo o que viveu antes de lá chegar.
E foi então que descobriu que até mesmo um falso pudor tem lá sua serventia.
É que ela percebeu que entre um falso pudor e um autêntico tem muito de nós mesmos.
Tem um pouco da nossa personalidade, tem uma boa porção de expectativas e tem também a matéria básica de que somos feitos: nossas memórias ancestrais.
Claro que tem um bom quinhão de convenções sociais, preconceitos, e tudo o mais, que vem junto no mesmo pacote.
Mas até nisso o tempo gasto dentro do labirinto lhe rendeu bons insights, porque ela finalmente conseguiu perceber que até mesmo nos falsos pudores tem um ingrediente essencial, que funciona como um sistema que impede que a dor do arrependimento se instale em nossos corações.
Pudores são os freios sociais. Só não se pode dizer que são “itens de série”, como acontece nos automóveis.
Entretanto, se pode com certeza afirmar que são “acessórios” muito bem-vindos, e que são rápida e facilmente instalados. Tão bem instalados que acabam por fazer parte da gente.
Sem eles alguns de nós poderiam até sentirem-se nús.
E foi justamente essa sensação de nudez que a acometeu.
Onde buscar desculpas esfarrapadas para poder cobrir-se?
Onde se esconder daqueles olhares de acusação, de reprovação?
Continuar perdida no labirinto de si mesma ou se expor, em toda a sua nudez?
Foi então que ela decidiu: iria aprender a conviver com todos eles.
Com os falsos pudores. Com os verdadeiros. Com os medos, os preconceitos e principalmente com os seus próprios desejos.
Mesmo que os demais os considerassem impróprios...

sexta-feira, 13 de julho de 2012

O FAROL

Por: Elisa Marante

Hoje eu me sinto um farol. Moro numa praia distante. Fico atento a tudo que acontece ao meu redor e, ao mesmo tempo, visível e brilhante. Meu sobrenome é Solidão. Tenho tudo, pertenço ao mundo e, ao mesmo tempo não tenho nada e não sou de ninguém.

Meu grande companheiro é o mar. Eu não saio do lugar, mas quando as ondas vêm e vão ou a maré sobe e desce, tenho a sensação de estar caminhando sobre as águas, explorando lugares, fazendo coisas que ninguém fez.

De repente, me dou conta que foi só uma ilusão. Continuo no mesmo lugar, na vida que escolhi. Sempre livre e observando o que eu mais amo: o mar, que transparece a liberdade.

Os golfinhos são meus amantes - doces companhias. Eles me amam e sempre que peço, eles me visitam. Tenho também as baleias - gigantes e poderosas. Ainda tenho os outros peixes. Alguns são exóticos e outros de beleza estonteante. Na areia, brinco com as tartarugas, lentas e, embora de poucas palavras, demonstram extrema sabedoria.

E os pássaros? As gaivotas são as minhas preferidas. Ás vezes tenho inveja delas por terem o poder de voar... Alguns desses animais me pedem pra ir embora com eles. Num súbito momento, quero me arrancar da terra, soltar meu alicerce e seguir... mas não vou. Algo invisível me prende. Orgulho de ser só. Orgulho de ser um farol. Ou medo de enfrentar o escuro, o estranho. Enfrentar aquilo que não conheço.

Apesar de sentir falta de ver o dia raiar com alguém ao meu lado, de alguém me ajudando a trocar as lâmpadas que estão queimadas ou me fazendo cócegas quando sobe minhas escadas, ainda assim, eu prefiro estar sozinho, livre e sem compromissos. Meu compromisso é comigo mesmo e com o mar.

Ser sozinho é um exercício. Um exercício de amor. Aprendo a me amar um pouco mais a cada dia. Aprendo a fazer tudo que quero e a fazer sozinho. Se não tenho ninguém, eu mesmo troco minhas lâmpadas queimadas. Espero as chuvas e eu mesmo lavo minhas janelas. Mas as cócegas... isso eu não consigo fazer nas minhas próprias escadas. Isso eu não consigo aprender. Bem, mas nem tudo é perfeito. A vida é feita de escolhas...

Sou sozinho, solteiro, paciente e observador. Sigo o meu caminho, ou melhor, o meu tempo, com muita paciência e observando tudo ao meu redor. Isso me ensina cada vez mais a lidar com a vida que escolhi.

Todos me vêem, mas ninguém consegue me tocar por inteiro. Um dia namoro um peixe, no outro faço amor com uma estrela. Mas não sou de ninguém, e ninguém me pertence.

O meu único medo, é um dia perceber que estar sozinho é a minha única opção.


terça-feira, 5 de junho de 2012

Idade certa: Será que meu prazo de validade está vencido?

Por: Jô Martines

Tempo chuvoso, cinza, melancólico. Então “bora lá” animar, esquentar apimentando esta noite úmida (ensopada, melhor dizendo) de fim de outono.
Vou começar cutucando uma certa amiga, companheira de blog, que tem me deixado na linha de frente praticamente sozinha.
Minha irmãzinha Elisa Marante sugeriu há uns dias atrás que a gente botasse muuuuuuita pimenta na nossa humilde panelinha de provocações.
Mas preferiu deixar a panela e as pimentas aos meus cuidados.
Só me resta carregar a mão dessas delícias e botar pra ferver, certo?
Vou falar novamente de idade, de tempo...
O tema da vez é a atração de rapazes mais novos por mulheres mais velhas.
Oh, Deuses do Olimpo!!! Que mulher, em são estado de espírito não gostaria de ter um garotão aos seus pés? Massageando o ego, e o corpo também?
As puritanas de plantão que me desculpem, mas uma atenção especial de um homem com idade pra ser seu filho levanta o moral de qualquer mulher, bem-amada ou não.
Isso não significa que a mulher deva corresponder, mesmo porque nem sempre este interesse é legítimo.
Alguns rapazes gostam tanto desse joguinho de sedução, que acabam por insistir em provocar um clima de romance, de intimidade, sem sequer se preocupar em criar algo realmente palpável entre eles e elas.
Não sou radical nesse aspecto. Até consigo acreditar que existam alguns romances verdadeiros entre homens mais novos e mulheres mais maduras.
Mas creio que são raros. Impera a arte da conquista, de ambas as partes.
O homem demonstra interesse e faz questão de deixar registrado. E vai enfatizando isso. Vai abrindo espaço pra chegar aonde quer.
E cá pra nós, a gente sabe onde ele quer chegar, não é?
Alguns preferem assumir a imagem de maduro e responsável. Outros usam a provável “desvantagem” a seu favor, fazendo manha, jogando charme de garoto carente, que precisa de alguém com mais experiência.
Mas e a reação das mulheres, como é que fica?
Tenho para mim que a grande maioria num primeiro momento se faz de desentendida, mas certamente fica lisonjeada.
Algumas até “embarcam” pra ver onde vai dar, mas sem tornar isso público, com receio de pagar mico.
Somente as mais descoladas assumem o risco de passar pela experiência sem falsos pudores e sem neuras.
Porque por mais modernosa que tenha se tornado essa nossa sociedade, algumas “regras” absurdas ainda não foram totalmente descartadas.
E a felicidade, o prazer, a satisfação individual ainda continuam a esbarrar no coletivo.
E o coletivo ultimamente tem ditado a regra de que nós, seres humanos, temos tempo certo, idade aceitável, prazo de validade. Pra namorar, casar, ter filhos...
E o medo da rejeição, da execração pública acaba tolhendo as escolhas de muita gente que se diz livre...
Mas que a sensação de ser desejada por um garoto é muita boa, ah, lá isso é.
Revigorante. Rejuvenescedora.
Se desse pra embalar num frasco bem bonito e comercializar, iria desbancar muito cosmético anti-aging por ai...
De mais a mais, quem foi que inventou essa estória de que existe idade certa para amar, para flertar, para conquistar e ser conquistada? Eu é que não...

quinta-feira, 24 de maio de 2012

O ENIGMA DA ESFINGE

Por: Jô Martines

Fiquei vários dias sem ter vontade de escrever, remoendo uma estranha sensação de que nada que pudesse ser escrito faria sentido, primeiramente pra mim mesma e claro, para quem quer que chegasse a ler.
Mas não foi por falta de assuntos, ou de idéias de como desenvolver os temas.
Foi mais como uma espécie de vazio criativo, capaz de abrir espaço para novos sentimentos, novos questionamentos.
Foi como sair da zona de conforto de uma cômoda posição de crítica e de auto-crítica para passar para o outro lado, para ocupar uma cadeira na platéia e procurar entender à fundo esses assuntos todos que povoam os recônditos de minha mente, de meus pensamentos, minhas cismas e “achismos”.
E tem sido uma experiência incrível isso. Um bom cabo-de-guerra entre a cobrança de escrever para o novo blog e a vontade pura e simples de só escrever quando fosse algo verdadeiramente visceral.
Me obrigar a exercer o papel de observadora, a praticar a reflexão, a tentar entender os motivos que existem por trás de cada coisa pensada, foi realmente algo gratificante.
E passado este período de “gestação”, eis que nasce em mim uma coisa totalmente nova, pois aquela obrigação lancinante de escrever por escrever já passou, e o que tomou seu lugar foi a vontade de encarar de frente a Esfinge e desafiá-la a me questionar, sem medo de ouvir a terrível verdade: “Decifra-me ou te devoro”.
Porque não há nada mais libertador do que descobrir que eu não tenho e nem nunca terei respostas para todas as perguntas.
Embora eu já saiba de antemão que certamente continuarei a procurar, algumas vezes até mesmo perseguir estas respostas.
Quando a ficha “cai”, o que era complexo se transforma em óbvio. O que era difícil em fácil, e o que era intragável em simples de digerir. Parece tão simples, não é?
Engraçado que nessas horas, até a Esfinge assume ares de gatinho de estimação.
Seria isso a tão esperada maturidade?
Descomplicar, simplificar, desconstruir tudo o que me tolhe, que me apavora, que me oprime? Jogar isso tudo fora e substituir pela luminosidade de um dia sem falsas expectativas?
Quem devora quem? A dúvida devora a certeza ou a certeza devora a dúvida?
A luz devora as trevas sem ter uma mísera demonstração de incerteza de que é o que realmente deve ser feito.
Bem, vou ficando por aqui com minhas novidades.
Talvez para voce que me vê apenas por fora não entenda. Aqui dentro está cheio de brotos, de sementes, de vida...
Mas pra que isso acontecesse, algumas coisas precisaram morrer em mim.
Quem devora quem?
A vida sempre devora a morte, e não o contrário.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

MEUS 45 ANOS

Por: Elisa Marante

Esta semana eu completei 45 anos. É engraçado. Me sinto bem diferente do que pensei que sentiria quando chegasse nesta idade.

Mas como é ter 45 anos?

Na verdade, eu não sei exatamente. É a primeira vez que completo esta idade. Ninguém me ensinou como era chegar aos 45 anos. E se alguém tentou me explicar, eu não prestei atenção.

Bem, eu sei o que é ter 15, 20, 30, mas 45, estou aprendendo.

Me lembro quando completei 15 anos. Antes disso, me lembro bem de momentos importantes do tipo: primeira menstruação, primeiro beijo, primeira paixão na escola, entre outros.

15 anos. Nossa. Parecia que o mundo tinha despertado pra mim. Eu já não era mais criança. Eu estava bem mais perto dos 18 anos. Eu estava mais perto da liberdade. Mais 3 anos e eu poderia fazer o que queria da minha vida. Aliás, já quase me sentia dona do meu próprio nariz. Achava que seria capaz de abraçar o mundo, conquistar países e planetas. Aos 15 anos, achei que sabia tudo da verdade do mundo. Energia a todo vapor. 45 anos? Nossa. Estava tão longe desse número que mal pensava nisso.  Quando pensava, me imaginava numa cadeira de balanço, fazendo tricô e gelatina para os netinhos.

Depois vem os 20 anos. Mais ou menos como se tivesse 15, só que agora com  mais responsabilidades e sem poder fazer bobagens, porque já somos maiores de 18 e respondemos pelos nossos atos.
Além disso, me lembro bem que o tempo começa a passar bem mais rápido que aqueles longíquos anos até os 15.

30 anos. A melhor idade de uma mulher. Adulta, Sabe exatamente o que quer (ou pelo menos deveria saber), independentes, seguras e lindas... Teoricamente bem resolvidas na sua vida sexual e amorosa. Nossa, que saudade dos meus 30 anos. Porém, passam mais rápido que aqueles, novamente longíquos, anos após os 20.

Ok. Chegamos aos 45. A fase dos “enta”. Este sufixo que nunca mais sai das nossas vidas. Este sim, é um casamento até que a morte nos separe.

Estou começando esta jornada. Não é como achei aos 15 anos. Não tenho cadeira de balanço, muito menos netinhos.
Não posso explicar como é ter 45 anos, como se fosse uma regra igual para todos. O máximo que posso fazer é dizer como eu sou hoje.

Me sinto madura. Não existem mais meias verdades, meias mentiras ou meias atitudes, mas 100% de compreensão e decisão.
Celulite? Gordura localizada? Estrias? Sim, elas existem, eu posso vê-las, mas nem as percebo mais. Acho que elas sumiram, porque parei de me preocupar com elas. Sexo: menos quantidade, mas bem mais intenso e com menos vergonha e tabus. Estou mais perto da menopausa. Mas me sinto tão mulher quanto tinha 30 anos. Me sinto ainda mais segura, muito mais sensual e bonita.  As rugas estão se acentuando. Mas se um dia decidir fazer uma plástica, farei sem medo de ser feliz, pois agora, mais que nunca, sou 100% mulher. Medo de perder o marido para uma mulher mais jovem? De jeito nenhum. Ele que deve ter medo de me perder para um homem mais jovem.
Não abracei o mundo Não conquistei países ou planetas. Mas me sinto conquistada. Conquistada por mim mesma.

Passei a me amar como nunca me amei nas últimas 4 décadas.

Enfim, 45 anos. Cada ano foi mais um presente. 45 anos de vida, são 45 anos de vida. Simples assim...

Conselho de uma mulher de 45 anos?

Não sei não. Acho que os mesmos conselhos de uma mulher de 80:

Viva um ano de cada vez. Não tenha medo de ser feliz. Tudo tem seu momento. Tudo tem seu brilho. Quando chegar aos 45, seu brilho vai ser tão forte que será único. Mesmo que seja só pra você.

E quem se importa com o que os outros acham?

Tempo, Tempo, Tempo...

Por: Jô Martines

Uma das principais artes que um ser humano tem de aprender e, se possível, dominar é, sem dúvida, lidar com a passagem do tempo.
Quantas vezes não achamos divertida a ansiedade das crianças, na contagem do tempo, quando nos perguntam várias vezes quanto falta para um evento muito esperado acontecer, como a chegada do brinquedo, ou o tempo certo para uma gelatina ficar pronta? Ou então uma viagem de férias, ou o final de um passeio de carro? E como são insistentes em sua ânsia de saber quanto tempo falta...
Justo elas, as crianças, que verdadeiramente sabem viver no aqui e no agora.
Talvez por isso mesmo, saber dar valor ao tempo e aprender a conviver com sua inexorável passagem seja uma arte tão esquecida por nós, os adultos.
Quando os dias se sucedem iguais, quando perdemos a referência de tempo, quando o passado, o presente e, quiçá o futuro, se misturam e se confundem em nossas mentes, meu amigo, a coisa ficou feia pra nós.
Se bem que não sei o que é pior: não perceber o tempo passando, ou brigar para que ele pare, para que ele fique estagnado aos nossos pés.
Tenho a impressão de que existe uma relação direta entre esta arte de lidar com a passagem do tempo e o valor que conseguimos atribuir às coisas que acontecem em nossas vidas.
Aqueles que mais se queixam de não ter tempo pra nada são os que mais gastam seu tempo fazendo da sua vida um interminável rosário de obrigações, compromissos, atividades, muitas vezes desnecessárias.
Há também aqueles que querer mascarar a passagem do tempo lutando arduamente para impedir que as marcas dessa passagem fiquem visíveis em suas faces, em seus corpos, em seu guarda-roupas.
Só que se esquecem de “maquiar” a passagem do tempo em seus espíritos.
Numa sociedade que não valoriza seus idosos, que prega que a imagem é tudo e que ninguém é feliz se não for igual aos demais, é de se admirar a coragem e a atitude despojada de certas pessoas que fazem questão de ir contra a corrente.
E que apresentam suas belas marcas, suas rugas, seus cabelos embranquecidos com um sincero orgulho ou com uma humilde aceitação.
Não, não é provocação. Eu insisto que isso é coragem mesmo.
Para mim, na contra-mão, quem está indo é quem insiste em aparentar a metade da idade que tem, que tem vergonha dos cabelos brancos, ou de dizer qual sua verdadeira idade cronológica.
Entendo e até aceito, sim, que alguns artifícios sejam usados a favor do bem-estar, da auto-estima. Eu mesma recorro a alguns deles.
Mas o que eu não aceito é essa massificação da Fonte da Juventude, como se disso dependêssemos para sermos felizes.
E, como cantou lindamente a Fernandinha Takai:
“Tempo, tempo, tempo, falta tanto ainda, eu sei, pra você correr macio...”
Espero que cada um possa encontrar a sua própria fórmula, que possa sentir o tempo correr macio...
Afinal, o que todos temos em comum é que somos diferentes.
Ah, sim... outra coisa em comum... o meu minuto tem os mesmos sessenta segundos que o seu minuto.
Pense nisso... Tempo nem sempre é dinheiro. Mas isso você já deve ter percebido, não é?

domingo, 6 de maio de 2012

O Compromisso com o Descompromisso

Por: Jô Martines

Estamos no auge da “Era do Compromisso com o Descompromisso”.
E o que vem a ser isso?
Nada mais é do que exercer uma rotina férrea de não se envolver com nada e com ninguém, a não ser consigo mesmo.
Relacionamentos a dois? Nem pensar. Dá trabalho, cerceia a liberdade, gera infindáveis cobranças, de postura, de atitudes, de demonstrações de afeto.
Preocupação com os destinos da economia mundial? Pra quê? Isso não vai dar em nada mesmo. As coisas se resolvem sozinhas. E o que eu vou ganhar se fizer alguma coisa?
Questões ambientais? Novo código florestal? Reservas Indígenas? Como diria uma amiga muuuuuito querida: “Eu quero mais é que o mico leão dourado se f...., rss”. A Dilma que se vire pra limpar essa m... toda!
Política, economia, ecologia, espiritualidade, educação, ou quaisquer outros assuntos. Nada parece capaz de tirar a maioria das pessoas deste torpor de não querer se envolver com nada.
Porque isso acontece? Porque eles agem assim?
Alguns alegam que assim eles sofrem menos, passam por menos frustrações, decepções.
Outros porque dessa maneira eles estão mais livres pra aproveitar a vida.
Tem também o bloco dos ocupados. Estão ocupados demais com suas vidas medíocres para arranjar tempo para a vida insignificante das demais pessoas.
E eu não estou conseguindo me enquadrar nisso tudo.
Porque eu quero compromisso. Eu quero aliança. Eu quero fazer parte de algo maior que eu mesma. Eu quero ser uma peça de uma grande engrenagem.
Só agora consegui entender o significado desse símbolo tão corrompido: a aliança.
Nesses tempos bicudos, a palavra aliança virou sinônimo de maracutaia entre políticos corruptos e corruptores, ou de conchavos entre partidos políticos para obter resultados muitas vezes questionáveis. Uma pena isso, você não acha?
E eu fico aqui pensando que deve ser muito bom a sensação de ter uma aliança com alguém, ou com alguma causa. Ou com um planeta inteirinho.
Deve ser bom saber que a palavra dada é a palavra que vale.
Que compromisso é coisa boa de se ter. Boa para todos. Fonte de satisfação, de confiança, de saber que mesmo que as coisas não saiam do jeito que a gente gostaria, que tem alguém que pensa como nós, que sente como nós, que quer o mesmo que nós.
Os descompromissados que sigam sozinhos, já que é assim que eles querem seguir.
Eu quero compromisso. Não abro mão disso.
E não me venha com meios compromissos... Não tenho meia alma.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Ser Homem ou Ser Mulher? Eis a Questão!


Por: Elisa Marante

SER HOMEM OU SER MULHER? EIS A QUESTÃO.
Sempre vemos em redes sociais e ouvimos em várias rodas de bate-papo, comparações entre homens e mulheres, suas diferenças e às vezes (muitas vezes) uma luta de foice e espada entre as duas “categorias” pra ver quem é melhor: Quem trabalha mais? Quem é mais inteligente? Quem sofre mais? Quem é superior? Entre outras coisas.

 Bem, eu, como mulher não entro nesta luta até porque adoro ser uma, do jeito que eu sou. Toda mulher tem sim, uma difícil jornada diária e alguns homens devem perguntar muitas vezes como nós sobrevivemos a tantas preocupações: relações íntimas, família, depilação, saúde, exames chatos, beleza (o tempo todo), moda, entre muitas outras coisas.

Acredito que os homens também tenham uma difícil jornada diária. Talvez muito menos tortuosa que a de uma mulher, mas ainda assim acho que temos vantagens e sabe por quê? Vamos dar alguns exemplos de como é melhor fazer parte do universo feminino.

Por onde começamos? Ahhh, pela manhã de um homem.

Mulheres acordam, tomam banho, arrumam os cabelos, entre outros rituais diários para sair e começar mais um dia de trabalho.

Homens? Têm a barba. Alguma mulher já pensou como deve ser horrível ter que passar uma lâmina no rosto todos os dias pela manhã? Alergia, irritação na pele. E os cortes? Os cortes sempre acontecem. Coitadinhos... O pior é saber que no dia seguinte fará tuuuuuuudo de novo.

Ah, nós temos a depilação. Coisa chata e dolorida de se fazer, mas necessária. Mas,  fazemos isso uma vez a cada quinze dias, em alguns casos mensalmente. E muitas vezes, opcional.

Não, não. Não pára por aí. Os cabelos. Mulheres gastam tanto pra ter cabelos lindos e saudáveis. Homens não gastam nada. É só cortar. Mas ainda assim, temos uma vantagem. Pagamos caro e sabemos que nunca ficaremos carecas. O mesmo não acontece com os homens. Eles podem até minimizar o problema com tratamentos, que também são caros, mas se nasceram pra serem carecas, serão carecas mais cedo ou mais tarde.

Corpo. Nós mulheres passamos horas em academia pra não deixar a bunda, nem tampouco a barriga cair. Homens? Já pensaram o quanto um homem tem de malhar para que aquelas cervejinha de final de semana não vá parar na barriguinha pra sempre? Eu nem imagino. Mas deve ser horas de academia.

 Nós mulheres, e tão somente nós, sabemos o que é exatamente a TPM. Ficamos nervosas a ponto de roer o pé de uma cadeira e ficamos tão insuportáveis que nem nós mesmas nos agüentamos. Mas sabemos que logo isso acaba. E tudo fica lindo de novo.

Vamos então, imaginar estes pobres moços que,  sem saber como é isso, sem entender direito o que se passa conosco, ainda assim têm que nos agüentar nesses momentos de puro horror.

Roupas? Ahhh... Aí temos grande vantagem sobre os homens:
Verão. Segunda-feira. 35 graus na sombra. Mulheres de vestido e sandália. Homens de paletó e gravata. Meias e sapatos.
Mulheres, imaginem visitar clientes e passar por trânsito, às vezes com ar condicionado do carro desligado pra não gastar gasolina, usando gravata, meias e sapatos. Tortura chinesa!!!

Preços das roupas. Sabemos que muitas roupas de mulher são caras, mas temos muitas opções para pechinchar, bazares, liquidações. E eles? Nossos queridos homens... Você já viu roupas masculinas baratas? Sapatos masculinos sempre são caríssimos. Já viu bazar somente para roupas masculinas? Não, né. Nem eu.

E manter a saúde feminina? Ginecologista, exames vaginais, mamografia?
Não trocaria nenhum destes exames pelo simples exame de próstata. Imaginem chegar aos 40 anos tendo que ir ao médico sabendo que o carinha vai colocar um dedo (que parece bem maior do que realmente é) no seu lindo e virgem (não de todos) canal fecal, também chamado ânus pra fazer aquele famigerado e tão imprescíndível exame de próstata. E depois, se tiver coragem de contar para os amigos que fez o tal exame, ainda ter que agüentar as piadinhas: E aí? Você se apaixonou pelo médico????

Agora me digam: Ser mulher não é bem melhor?

Mas ainda tem a pior de todas: Passar o resto da vida com um membro pendurado entre as pernas.

Por isso, agradeço a Deus todos os dias por ter nascido mulher.

Agora me respondam: Ser mulher não é bem melhor?

Quem quiser que se manifeste.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Nova Ordem Mundial

Por: Jô Martines
Há tempos Caetano Veloso já versejou o que é óbvio.
Realmente alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial.
Economias outrora potentes e soberbas, ora fracotes e suplicantes.
Previsões destroçadas por tsunamis de fatos, boatos, atentados, levantes, insurgências.
Povo nas ruas. Povo nos guetos. Povo em êxodo urbano. Em êxodo rural.
E em breve, num sistema solar bem perto de você, povo em êxodo planetário.
A China desacelerou!? Ah, que boa notícia, não é mesmo? Para quem?
Depois de ter passado por cima de milhões de seres humanos, a maioria sendo os próprios chineses.
Boa notícia para quem? Estados Unidos? Que, tosca imitação do Império Romano, continua em seu ato derradeiro no melhor estilo “balança, mas não cai”, mas segue na liderança da economia.
E agora a culpa do colapso econômico mundial quicou, bateu na trave e foi parar nos pés da idosa Europa.
Que continua posando de velha e respeitável senhora, do alto dos seus diversos séculos de verniz cultural e inexistente auto-crítica.
Países árabes em crise. Naufrágio em todas as tentativas de pacificação do Oriente Médio. Intolerância regada a sangue.
A truculência semita contra a truculência muçulmana e vice-versa.
A neutralidade, ou melhor, a passividade da ONU, que deveria agir como autoridade legítima e por fim aos conflitos.
A co-existência pacífica mais próxima da utopia que da vida real.
Ah, não nos esqueçamos dos emergentes.
Arremedo de roteiro trash, o enredo traz nos papéis principais as BRICS.
Se o futuro mundial é isso, parem o mundo que eu quero descer...
E pasmem, uma tentativa de motim nos camarins dos atores coadjuvantes latino-americanos, querendo roubar a cena com os apelativos “cacos” da estatização. Retrocesso cambaleante, dando um passo para frente e dez para trás.
E qual a moeda de troca brasileira? O pré-sal.
Esqueci de mais alguma coisa? Ah, claro. O Biodiesel.
Querem mais? As fronteiras escancaradas para a dilapidação de nossa Biodiversidade.
E o par inseparável: Futebol e Carnaval, com um toque especial de Copa do Mundo e Olimpíadas.
Caetano, alguma coisa está fora da ordem, sim.
Mas o caos humano continua o mesmo. O homem, o lobo do homem.
Esqueci de citar algo? A África.
É. Mas essa vai continuar a ser esquecida.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Sobre os Porquês

Por: Jô Martines

Tenho mais perguntas do que respostas.
E é bom que seja assim. Me faz seguir adiante.
Algumas poucas certezas e uma imensidão de espaços vazios, à espera das verdades definitivas.
As perguntas me dão asas. E, embora eu ainda não saiba voar, a simples perspectiva de alçar vôo, o simples potencial inexplorado, a infinita possibilidade de existência, de vivência, de criatividade, acabam sendo a minha força motriz.
Porque as respostas para alguns são tão e simplesmente o fim da jornada, enquanto que para mim elas são parte integrante da grande viagem e da vastíssima paisagem através de mim mesma.
Muitas vezes eu me esqueço disso tudo e acabo procurando esta força motriz no outro, no companheiro, na mãe, no ofício, no resultado financeiro do ofício, na inspiração que vem daqueles que finalmente se encontraram em si mesmos.
E é nessas horas que a pele parece que me aperta, me espreme, tenta me sufocar. E a cabeça gira. E as horas se arrastam até beirar a eternidade.
Mas eis que as asas teimam em se alongar, se posicionar para o vôo futuro, cheio de promessas e de vertigens.
Eis que os porquês tomam conta da alma num arrebatamento completo e disparam em mim a vontade de finalmente alçar vôo.
Eis que os apegos me amordaçam, as relações malfadadas me atam, me envolvem, me prendem.
Eis que maculado por tantos enganos e desilusões, o coração pesado resolve ser âncora e, passional que é, me atira de volta ao chão.
Coragem. Ainda não será desta vez.
E, embora inevitável, o vôo adiado serve para fortalecer a vontade.
Respostas para quê?
Eu tenho perguntas. Muitas perguntas.
Minha força motriz são os “Porquês”.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Que Pimenta é Essa?

O blog Pimenta: Adjetivo Feminino está apenas começando...
Quem se habilita a provar?

E para os revisores de plantão eu esclareço: aqui a pimenta virou adjetivo sim. É a alma deste blog e não um mero substantivo.


Quando se fala num sabor que defina algo feminino, logo pensamos em uma coisa doce ou suave, não é mesmo?

O nosso blog bem que poderia ter um gosto alegre e macio, como o do chocolate.
Ou então fresco, adocicado e um tanto cítrico, como o do morango.
Poderia beirar o inconfundível sabor da baunilha, tão meigo e ao mesmo tempo tão marcante.

Mas não. O gosto é mesmo o da Pimenta!
Que marca presença, que chama a atenção, que desencadeia diversas reações.
Nada de sutil, como uma canja com pouco sal, típica da dieta de convalescentes.
Nada de leve, como uma torrada quase sem gosto.

Viemos para apimentar as conversas, apimentar as idéias, os pensamentos.
Viemos para colocar aquele sabor que faltava, aquele colorido a mais, aquele charme que só as mulheres que sabem como usar e abusar das pimentas conseguem ter.

Prepare seu paladar... Aguce seus sentidos...
As nossas próximas conversas serão de “dar água na boca”.

Vamos falar de amor, sexo, liberdade, prisão, felicidade, homens, mulheres, sucesso, profissão, sonhos, traição, beleza, cumplicidade, ciúmes, fracasso, e de tudo o que nos der vontade.
Ah, e claro, até mesmo de coisas doces e suaves.