segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

SENTIMENTOS SORRATEIROS

Por: Jô Martines

Alguns deles são assim, sorrateiros.
Chegam do nada, se instalam num piscar de olhos e quando a gente menos espera, nos dominam por inteiro. No mais são bem autênticos.
Eles tem um “quê” de imperativos, urgentes, passionais.
Nunca pedem licença e nem querem saber se você está disponível ou propensa. Não perguntam nada, não anunciam nada.
Simplesmente acontecem. E são viscerais, são literais.
Trazem uma força consigo, capaz de chacoalhar a gente por dentro.
É praticamente aquela sensação de queda livre que nos apavora quando estamos adormecidos e acordamos assustados. Parece que estávamos no vácuo e de repente a força da gravidade nos dá um solavanco, fazendo com que a gente volte a ter consciência de nós mesmos.
É um misto de sensações, é meio assustador, mas fica nítida a energia que passa através de nós, com nuances de pequeninos choques elétricos percorrendo nossa corrente sanguínea.
E ai já era... o sentimento sorrateiro já está lá, habitando em nós.
Não tente saber de onde ele veio, ou do que ele é feito. Faz parte de você agora.
E assim aconteceu. Só me apercebi depois. Ainda em meio ao torpor de estar à mercê de um novo e latente sentimento, muito forte, incontestável, fui aos poucos tomando pé da minha nova condição.
E me rendi. Baixei a guarda e me dediquei a aceitar o que ainda está por vir.
Porque sei que é apenas o começo.
Mais um recomeço. De tantos e tão necessários.
Lá vai a fênix de novo desaparecer para ressurgir das próprias cinzas.