domingo, 6 de maio de 2012

O Compromisso com o Descompromisso

Por: Jô Martines

Estamos no auge da “Era do Compromisso com o Descompromisso”.
E o que vem a ser isso?
Nada mais é do que exercer uma rotina férrea de não se envolver com nada e com ninguém, a não ser consigo mesmo.
Relacionamentos a dois? Nem pensar. Dá trabalho, cerceia a liberdade, gera infindáveis cobranças, de postura, de atitudes, de demonstrações de afeto.
Preocupação com os destinos da economia mundial? Pra quê? Isso não vai dar em nada mesmo. As coisas se resolvem sozinhas. E o que eu vou ganhar se fizer alguma coisa?
Questões ambientais? Novo código florestal? Reservas Indígenas? Como diria uma amiga muuuuuito querida: “Eu quero mais é que o mico leão dourado se f...., rss”. A Dilma que se vire pra limpar essa m... toda!
Política, economia, ecologia, espiritualidade, educação, ou quaisquer outros assuntos. Nada parece capaz de tirar a maioria das pessoas deste torpor de não querer se envolver com nada.
Porque isso acontece? Porque eles agem assim?
Alguns alegam que assim eles sofrem menos, passam por menos frustrações, decepções.
Outros porque dessa maneira eles estão mais livres pra aproveitar a vida.
Tem também o bloco dos ocupados. Estão ocupados demais com suas vidas medíocres para arranjar tempo para a vida insignificante das demais pessoas.
E eu não estou conseguindo me enquadrar nisso tudo.
Porque eu quero compromisso. Eu quero aliança. Eu quero fazer parte de algo maior que eu mesma. Eu quero ser uma peça de uma grande engrenagem.
Só agora consegui entender o significado desse símbolo tão corrompido: a aliança.
Nesses tempos bicudos, a palavra aliança virou sinônimo de maracutaia entre políticos corruptos e corruptores, ou de conchavos entre partidos políticos para obter resultados muitas vezes questionáveis. Uma pena isso, você não acha?
E eu fico aqui pensando que deve ser muito bom a sensação de ter uma aliança com alguém, ou com alguma causa. Ou com um planeta inteirinho.
Deve ser bom saber que a palavra dada é a palavra que vale.
Que compromisso é coisa boa de se ter. Boa para todos. Fonte de satisfação, de confiança, de saber que mesmo que as coisas não saiam do jeito que a gente gostaria, que tem alguém que pensa como nós, que sente como nós, que quer o mesmo que nós.
Os descompromissados que sigam sozinhos, já que é assim que eles querem seguir.
Eu quero compromisso. Não abro mão disso.
E não me venha com meios compromissos... Não tenho meia alma.

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