sexta-feira, 11 de maio de 2012

Tempo, Tempo, Tempo...

Por: Jô Martines

Uma das principais artes que um ser humano tem de aprender e, se possível, dominar é, sem dúvida, lidar com a passagem do tempo.
Quantas vezes não achamos divertida a ansiedade das crianças, na contagem do tempo, quando nos perguntam várias vezes quanto falta para um evento muito esperado acontecer, como a chegada do brinquedo, ou o tempo certo para uma gelatina ficar pronta? Ou então uma viagem de férias, ou o final de um passeio de carro? E como são insistentes em sua ânsia de saber quanto tempo falta...
Justo elas, as crianças, que verdadeiramente sabem viver no aqui e no agora.
Talvez por isso mesmo, saber dar valor ao tempo e aprender a conviver com sua inexorável passagem seja uma arte tão esquecida por nós, os adultos.
Quando os dias se sucedem iguais, quando perdemos a referência de tempo, quando o passado, o presente e, quiçá o futuro, se misturam e se confundem em nossas mentes, meu amigo, a coisa ficou feia pra nós.
Se bem que não sei o que é pior: não perceber o tempo passando, ou brigar para que ele pare, para que ele fique estagnado aos nossos pés.
Tenho a impressão de que existe uma relação direta entre esta arte de lidar com a passagem do tempo e o valor que conseguimos atribuir às coisas que acontecem em nossas vidas.
Aqueles que mais se queixam de não ter tempo pra nada são os que mais gastam seu tempo fazendo da sua vida um interminável rosário de obrigações, compromissos, atividades, muitas vezes desnecessárias.
Há também aqueles que querer mascarar a passagem do tempo lutando arduamente para impedir que as marcas dessa passagem fiquem visíveis em suas faces, em seus corpos, em seu guarda-roupas.
Só que se esquecem de “maquiar” a passagem do tempo em seus espíritos.
Numa sociedade que não valoriza seus idosos, que prega que a imagem é tudo e que ninguém é feliz se não for igual aos demais, é de se admirar a coragem e a atitude despojada de certas pessoas que fazem questão de ir contra a corrente.
E que apresentam suas belas marcas, suas rugas, seus cabelos embranquecidos com um sincero orgulho ou com uma humilde aceitação.
Não, não é provocação. Eu insisto que isso é coragem mesmo.
Para mim, na contra-mão, quem está indo é quem insiste em aparentar a metade da idade que tem, que tem vergonha dos cabelos brancos, ou de dizer qual sua verdadeira idade cronológica.
Entendo e até aceito, sim, que alguns artifícios sejam usados a favor do bem-estar, da auto-estima. Eu mesma recorro a alguns deles.
Mas o que eu não aceito é essa massificação da Fonte da Juventude, como se disso dependêssemos para sermos felizes.
E, como cantou lindamente a Fernandinha Takai:
“Tempo, tempo, tempo, falta tanto ainda, eu sei, pra você correr macio...”
Espero que cada um possa encontrar a sua própria fórmula, que possa sentir o tempo correr macio...
Afinal, o que todos temos em comum é que somos diferentes.
Ah, sim... outra coisa em comum... o meu minuto tem os mesmos sessenta segundos que o seu minuto.
Pense nisso... Tempo nem sempre é dinheiro. Mas isso você já deve ter percebido, não é?

2 comentários:

  1. Achei vcs!!...já sou até "membro"...rsrs...fiquei feliz em te rever, acho que a última vez que nos vimos já contam mais de 20 anos e falando em tempo, olha qto passou!
    Pois é, mas tempo mesmo não existe, é mais uma criação humana pra controlar mais isso, temos controle só sobre nós mesmos e mesmo assim qto somos descontrolados muitas vezes...se tenho preocupação com essa passagem?...lógico que sim!...mas na contabilidade das minhas preocupações a maior é de não ficar doente, permanecer saudável, permanecer lúcida...conseguindo isso, as rugas deixam de ser tão assustadoras!
    E que o tempo avance, que o tempo chegue, pois não temos o poder de segurar as rédeas da evolução e progresso da vida....bjs e sucesso!

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  2. Olá, Vera. Obrigada por nos seguir. Ainda estamos "engatinhando" nesse universo virtual. Mas estamos empenhadas em trazer à tona temas que nos façam pensar, desabafar, criticar rasgadamente e ao mesmo tempo que possamos criar o hábito de refletir. Sobre a vida, sobre nossas posições, nossos comodismos, etc... Sinta-se bem-vinda e fique à vontade para sugerir novos temas e colocar ais algumas pitadas de pimenta. Beijo!

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