quarta-feira, 2 de maio de 2012

Sobre os Porquês

Por: Jô Martines

Tenho mais perguntas do que respostas.
E é bom que seja assim. Me faz seguir adiante.
Algumas poucas certezas e uma imensidão de espaços vazios, à espera das verdades definitivas.
As perguntas me dão asas. E, embora eu ainda não saiba voar, a simples perspectiva de alçar vôo, o simples potencial inexplorado, a infinita possibilidade de existência, de vivência, de criatividade, acabam sendo a minha força motriz.
Porque as respostas para alguns são tão e simplesmente o fim da jornada, enquanto que para mim elas são parte integrante da grande viagem e da vastíssima paisagem através de mim mesma.
Muitas vezes eu me esqueço disso tudo e acabo procurando esta força motriz no outro, no companheiro, na mãe, no ofício, no resultado financeiro do ofício, na inspiração que vem daqueles que finalmente se encontraram em si mesmos.
E é nessas horas que a pele parece que me aperta, me espreme, tenta me sufocar. E a cabeça gira. E as horas se arrastam até beirar a eternidade.
Mas eis que as asas teimam em se alongar, se posicionar para o vôo futuro, cheio de promessas e de vertigens.
Eis que os porquês tomam conta da alma num arrebatamento completo e disparam em mim a vontade de finalmente alçar vôo.
Eis que os apegos me amordaçam, as relações malfadadas me atam, me envolvem, me prendem.
Eis que maculado por tantos enganos e desilusões, o coração pesado resolve ser âncora e, passional que é, me atira de volta ao chão.
Coragem. Ainda não será desta vez.
E, embora inevitável, o vôo adiado serve para fortalecer a vontade.
Respostas para quê?
Eu tenho perguntas. Muitas perguntas.
Minha força motriz são os “Porquês”.

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